Fazendeiros na região de Orizona colocam sinfonias para rebanho dar mais leite. Relaxados após audição dos mestres da música, animais aumentam capacidade de produção em até 30%
Aos 12 anos, Renata e Primavera escutam música clássica para combater o estresse. A paixão pelas melodias vem desde o nascimento. Primeiro, Wolfgang Mozart. Depois conheceram Beethoven, Chopin, Wagner, Bach, Brahms entre outros compositores. Há quatro anos tiveram contato com axé, rock, pagode e até sertanejo. A história descrita, semelhante a rotina de adolescentes, na verdade se refere a vacas. Mesmo sem estudos conclusivos, fazendeiros na região de Orizona, a 122 km de Goiânia, acreditam que sistema de som nos currais é sinônimo de mais leite produzido pelo gado.
Criador de gado leiteiro na região de Orizona, a 122 km de Goiânia, Abelardo Nicoli, 37, é um dos que acreditam no efeito positivo da música. A idéia partiu de seu pai, Nilson, 84, após comentários de vizinhos sobre uma suposta pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
As composições de Mozart seriam ideais para relaxar o animal e, conseqüentemente, aumentar a produção de leite. “Aí ele instalou um toca-fitas e duas caixas de som no curral. Não é que funcionou mesmo?”, relembrou.
Segundo Abelardo, a produção aumentou em 20%. A média é de 24 litros de leite por cabeça, que consome 33 quilos de ração por dia. Ao todo, são 2 mil litros a cada 24 horas. Quando o aparelho de som estraga, é prejuízo na certa. “Elas sentem falta e ficam estressadas. Diminui até 30%”, explicou. Duas vezes por dia, as 4 e 16 horas, o leite é retirado dos animais por ordenha mecânica. É o momento de pegar a fita desgastada pelo tempo e colocá-la para rodar. “Mozart as deixa calmas. Na verdade, qualquer música clássica faz efeito”, disse.
Renata e Primavera, as duas vacas mais velhas, são as últimas do rebanho de Abelardo com “nome de gente”. Ambas nasceram ao som de Mozart. Com a mecanização da Fazenda Morro Alto, da família Nicoli, os animais passaram a ser reconhecidos por números. Ao lado da modernidade, veio a variedade no repertório. Hoje são 90 cabeças da raça holandesa. No início da década de 90, experimentou outros compositores clássicos. Há quatro anos resolveu testar todos os estilos. “A própria Embrapa disse que o ideal é variar, colocar todo tipo de música. Mas só quando não tem ordenha (retirada do leite).”
No restante do dia, o rádio fica ligado para as vacas. A estação FM toca Metallica, Bee Gees, Scorpions, Asa de Águia, Leonardo. O som variado, de acordo com Abelardo, agradou os animais, que não apresentaram nenhum sinal de estresse.
Há um ano Francisco Marcos dos Santos, 35, trabalha na fazenda Morro Alto. Ele confessou que nunca tinha visto alguém colocar música para vacas. “Achei estranho, mas depois acostumei”, contou.
Fonte: http://www.achanoticias.com.br/noticia.kmf?noticia=4308192
Retirado em 22/10/2009.